A primeira idéia de creche que se tem conhecimento surgiu na Europa- França, aldeia de Ban de La Roche , por volta de 1770, quando um pastor de ovelhas residente no campo resolveu cuidar das crianças da aldeia enquanto as mulheres trabalhavam. Essa idéia foi logo aprovada e disseminada por vários países.
As primeiras creches estruturadas para “abrigar” as crianças durante o trabalho das mães que se tem notícia surgiram por volta de 1854 em Portugal e em Nova Iorque , com os nomes de Creche de São Vicente de Paulo e “Day Nursey”, respectivamente. Além do interesse de cuidar da criança, a história demonstra que a creche esteve muito imbricada com interesses outros, que não apenas a criança. Por exemplo, em tempo de guerras, momentos em que os homens tinham que se ausentar da família a fim de lutarem e as mulheres eram obrigadas a trabalhar fora do lar para garantir o sustento da prole, havia um incentivo à construção de creches e elas eram criadas em grande número.
A criação de creches, em especial as públicas, também se deve às iniciativas de caráter assistencialista, caritativo e de favor às famílias, visando apenas a guarda das crianças e ao atendimento de suas necessidades básicas.
Infelizmente quando se trata de creches públicas ainda vivenciamos um grande descaso político em nosso país. São raras as instituições que atendem de forma qualitativa às necessidades básicas da infância. Professores e educadores de creches e escolas públicas são mal remunerados, não encontram recursos para que possam fazer um trabalho de qualidade, não possuem formação continuada, enfim, são muitos os problemas enfrentados. Por isso o número de creches e escolas particulares aumenta cada vez mais.
Mas de fato, pra quê serve mesmo a creche? Apenas para que o bebê ou a criança receba os cuidados e atenção que precisa? Para brincar? Para ser educada? Para que a criança fique num lugar seguro enquanto os pais trabalham?
Todos estes motivos são realmente a razão pela qual as creches existem. Acontece que hoje se exige muito mais destas instituições, a sociedade vem sofrendo grandes transformações e conseqüentemente tudo à sua volta precisa ser transformado para atender às suas necessidades. O homem, a tecnologia, a ciência, a política, o mundo do trabalho, a globalização, a natureza, os valores humanos, tudo merece ser pensado, refletido, construído e/ou reelaborado desde a infância. Assim, a creche e/ou a escola de educação infantil, precisa estar atenta a cada um destes aspectos.
As famílias que optam pela creche hoje esperam muito mais do que assistência, querem que seus filhos tenham um local seguro para crescerem e que se desenvolvam plenamente. Fazem esta opção não apenas porque a mãe precisa trabalhar o dia inteiro ou porque não podem mais confiar seus filhos à estranhos ou pessoas despreparadas, mas porque sabem que na creche a criança terá muito mais atividades durante o dia, como aulas de música, artes, psicomotricidade, brincadeiras, enfim, que será muito mais estimulada do que em casa, na qual passaria a maior parte do tempo frente à televisão.
Na creche a criança deve ser atendida em suas necessidades básicas, como alimentação, sono, higiene, desenvolvimento físico e motor, em suas necessidades emocionais (colo, atenção, carinho, afeto, limites), em seu desenvolvimento intelectual e moral.
Não é tarefa fácil para os educadores e professores de Educação Infantil “dar conta” de todas estas necessidades. É preciso muito mais que amor à profissão, são necessárias horas e horas de estudo, de dedicação e de compromisso. Nas creches, aos profissionais não cabem apenas ser carinhosos e atenciosos com as crianças, mas sobretudo precisam conhecer o desenvolvimento infantil e tudo o que o envolve. Assim são capazes de atuar de maneira efetiva e desenvolver um trabalho de qualidade, que as famílias e as crianças tanto merecem.
Texto produzido por: Raphaela Dany Freitas S. Gonçalves
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