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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ALFABETIZAÇÃO: QUANDO COMEÇA ESTE PROCESSO?

O termo Alfabetização, embora não seja recente, ainda gera muitas discussões, tanto no âmbito educacional, como no âmbito social. Há uma preocupação grande, especialmente das famílias, em saber quando a criança vai “aprender a ler e a escrever”. Esta preocupação é pertinente, pois estamos vivendo numa era em que as transformações (culturais, tecnológicas, sociais, políticas e econômicas) ocorrem numa velocidade surpreendentemente rápida, e precisamos acompanhar este ritmo, caso contrário, seremos “deixados para trás”. E as crianças? Bom, elas estão inseridas neste contexto, sentem as mudanças, fazem mudanças, pois são atores e autores desta história, e de tal maneira, precisam de uma educação que lhes dê suporte para atuar nesta sociedade de forma segura, confiante e competente.
            Sendo assim, de que maneira ou quando elas devem aprender a ler e a escrever? Aliás, o que é mesmo ler e escrever? Pra quê serve? Qual a sua função? Historicamente, o termo “alfabetização” se referia apenas ao processo ou técnica pela qual a criança adquiria a habilidade de decodificar e codificar a língua, ou seja, quando conseguia “juntar” as letras, formando as sílabas, e quando já conseguia escrever ‘corretamente’ as palavras. Para tanto surgiram vários métodos de ensino, alguns que perduram até os dias atuais em algumas instituições, que ainda ensinam ou “alfabetizam” pelo método do “ba-be-bi-bo-bu”. Por ser mais fácil para o professor (e para as famílias), este método ainda persiste.
            Hoje, o termo “Alfabetização” é muito mais abrangente e envolve não apenas a área da lingüística, mas também outras, como por exemplo à área da Matemática (Alfabetização Matemática), das ciências (Alfabetização Científica), da tecnologia (Alfabetização digital), enfim. Por que será que este termo está tão vigente? Será que é porque “estar alfabetizado” é algo que transcende às técnicas e métodos?
            Com base nas novas pesquisas e estudos recentes sobre alfabetização (SOARES, 2003, 2004; FERREIRO, 2003) e por toda mudança de paradigmas que vem ocorrendo sobre tal temática, compreende-se que há importantes componentes que antecedem a aprendizagem formal da língua escrita e que são extremamente valiosos no processo de alfabetização. Ou seja, a criança, antes mesmo de “aprender a ler e a escrever” de forma convencional, ela já adquire certas habilidades que favorecerão seu desenvolvimento lingüístico, de forma muito mais rica, interessante e útil.
Para que isto ocorra, cabe a escola possibilitar à criança o contato, desde cedo, com uma diversidade de textos que circulam socialmente, como por exemplo, textos imagéticos, textos de propaganda, poéticos, instrucionais, enfim, textos e imagens que cotidianamente a criança vê, toca, sente e que “dizem algo”, que significam algo para ela. O aprender a ler e a escrever deve fazer sentido para a criança. De nada vale reconhecer o alfabeto e “juntar as sílabas” se esta aprendizagem não tem valor social na sua vida, ou se esta aprendizagem vem seguida de imposições e torna-se algo que significa um desprazer. Quantas pessoas aprenderam a ler e a escrever, mas não suportam ler um livro, ou escrever um texto? Não é esta a aprendizagem que desejamos às nossas crianças.
            O desenvolvimento da leitura e da escrita inicia quando a criança nasce. A depender das experiências que esta criança vivencia, dentro e fora da escola, é que se pode prevê quando ela adquirirá a aprendizagem formal ou convencional da leitura e da escrita. Portanto, uma criança pode “aprender a ler e escrever” a partir dos três anos de idade, levando em consideração o contexto em que está inserida e das mediações que lhes forem feitas. Uma coisa é certa: não é necessário adquirir uma técnica para que esta aprendizagem ocorra. 
 Texto produzido por: Raphaela Dany Freitas Silveira Gonçalves
 REFERÊNCIAS:
FERREIRO, Emilia. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SOARES, Magda B. A reinvenção da alfabetização. FAE-UFMG, 2003.
SOARES, Magda B. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2004.

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