Estando inseridas num contexto social, com regras e normas que devem ser respeitadas e cumpridas, as crianças, desde a mais tenra idade, precisam vivenciar situações em que percebam a importância de determinados valores, em especial, o respeito ao outro.
Deparamo-nos diariamente com situações que nos deixam muitas vezes horrorizados diante de atitudes, dos adultos, que não devem ter aprendido enquanto crianças, o que quer dizer a palavra “respeito”. Basta observarmos o comportamento de algumas pessoas no trânsito (carros parados em fila dupla, pessoas jogando lixo pela janela, infrações em sinaleiras etc.), em supermercados (pessoas que abrem embalagens e deixam o produto na prateleira, “furam” filas, desrespeitam idosos), nas ruas, banheiros públicos, bancos, enfim, além de “falta de educação”, quer dizer, de uma boa educação, estas pessoas certamente não aprenderam também o que significa “limite” ou aquele ditado “Os meus direitos terminam onde começa o do outro”.
As crianças ainda estão em processo de formação e de desenvolvimento da moralidade, do que é certo e errado, além da própria construção da identidade e auto-afirmação, do “quem sou eu”. Assim é comum que o bebê ou a criança pequena insista em determinadas ações que julgamos “erradas”, como jogar brinquedos no chão, chorar para conseguir satisfazer um desejo, bater ou morder em situações de conflito, gritar, se jogar no chão ou fazer aquelas “famosas birras”. Então, onde é que entra o papel do educador? O que podem fazer os pais, professores, berçaristas, babás e todos aqueles responsáveis pela educação desta criança?
Vivemos um momento ímpar em nossa sociedade, as constituições familiares mudaram, há muito mais filhos únicos, as mulheres assumiram o mercado de trabalho, a maioria dos pais precisa trabalhar dois turnos, deixando o cargo da educação dos filhos sob responsabilidade das babás, avós ou da creche. E ao chegarem em casa, à noite, cansados de um dia inteiro de trabalho, muitas vezes os pais querem apenas “curtir” o(a) filho(a), sentindo-se “culpados” por terem ficado longe. Então, a criança, inteligente e esperta como é, já percebe que “pode tudo” e sabe que se chorar um pouco mais vai conseguir o que quer. E acabam conseguindo mesmo! Ligam e desligam a televisão sem parar, chora quando quer um brinquedo, só come aquilo que lhe agrada e “exigem” cada vez mais.
As crianças precisam passar por frustrações e saber que não vão conseguir tudo o que querem, porque nós adultos não temos tudo o que queremos e precisamos ser emocionalmente equilibrados para lidar com esta situação, ou então nos transformaremos em seres infelizes ou incapazes de lidar com perdas. Por pessoas assim é que vivemos numa era de tanta violência. O adulto precisa e deve mostrar à criança que há limites a serem cumpridos e deve estabelecer regras.
Desde o berçário deve-se observar e ter muito cuidado com a formação emocional dos bebês, pois o desenvolvimento físico e cognitivo não basta. O desenvolvimento precisa ser pleno. Deve-se querer formar, através de valores morais, de cuidado com o próximo, de respeito ao outro, crianças capazes de viver em sociedade, e que esta seja justa e harmoniosa. Por isso, pode-se afirmar: Sim, os bebês necessitam de limites!
Texto produzido por: Raphaela Dany Freitas Silveira Gonçalves
Nenhum comentário:
Postar um comentário